Oncologia Digestiva: Conheça os Cânceres Mais Comuns Dessa Especialidade
A oncologia digestiva é uma área de extrema importância no campo da medicina, dedicada ao estudo e tratamento dos cânceres que afetam o sistema digestivo. O câncer é uma preocupação de saúde global, afetando milhões de pessoas a cada ano.
Na área da oncologia digestiva, encontramos uma variedade de tipos de câncer que podem afetar o sistema digestório. Com base em dados recentes do Instituto Nacional de Câncer - INCA, esses cânceres representam uma parcela significativa das doenças oncológicas em todo o mundo.

Neste artigo, exploraremos os cânceres mais comuns na oncologia digestiva, suas características distintas e como tomar medidas para reduzir seu risco. A Oncologia Digestiva é uma especialidade que abrange uma variedade de tumores malignos que podem surgir em diferentes órgãos do trato gastrointestinal.
Câncer Colorretal: detectar precocemente é a chave
Um dos cânceres mais predominantes no sistema digestório é o câncer colorretal. Tem origem nos pólipos, crescimentos anormais das células que se desenvolvem no revestimento do cólon ou do reto.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de cólon e reto ocupam a terceira posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil. As maiores taxas de incidência são observadas na Região Sudeste para homens e mulheres.
Estima-se que entre 2023 e 2025 o número para câncer de cólon e reto (ou câncer de intestino) para o Brasil, seja de 137 mil novos casos.
Detectar esse câncer em estágios iniciais é fundamental para a eficácia do tratamento. A realização de exames de rastreamento, como a colonoscopia, é importante, especialmente quando há casos de histórico familiar ou outros fatores de risco.
Alguns sintomas incluem:
- Diarreia ou constipação.
- Sensação de que o intestino não está completamente esvaziado.
- Presença de sangue nas fezes.
- Dor abdominal tipo cólica, sensação de inchaço abdominal.
- Cansaço e fadiga.
- Perda de peso sem um motivo específico.
Câncer de Estômago: cuidado com a dieta e infecção por H. pylori
O câncer de estômago, também conhecido como câncer gástrico, se manifesta no revestimento do órgão e é mais comum em indivíduos mais velhos. É uma condição que muitas vezes passa despercebida até atingir estágios avançados.
No Brasil, o câncer de estômago é o 4º quarto tipo mais frequente entre os homens e o 6º entre as mulheres.
O câncer de estômago, ou adenocarcinoma, atinge, em sua maioria, homens entre 60 e 70 anos. Cerca de 65% dos pacientes têm mais de 50 anos.
Fatores de risco incluem a infecção crônica por Helicobacter pylori, histórico familiar, tabagismo e uma dieta pobre em frutas e vegetais.
Monitorar sua dieta e realizar testes para detectar infecções pode ajudar a reduzir o risco desse tipo de câncer.
Não há sintomas específicos do câncer de estômago. Alguns sinais, como perda de peso e de apetite, fadiga, sensação de estômago cheio, vômitos, náuseas e desconforto abdominal persistentes podem indicar tanto uma doença benigna (úlcera, gastrite, etc.) como um tumor de estômago.
Vômito com sangue ocorre em cerca de 10% a 15% dos casos. Também podem surgir sangue nas fezes, fezes escurecidas, pastosas e com odor muito forte (indicativo de sangue digerido).
Embora desafiador, o diagnóstico precoce é fundamental para melhorar as perspectivas de tratamento.
Câncer de Esôfago: fique atento aos sintomas
O câncer de esôfago se desenvolve no tubo muscular que conduz alimentos sólidos e líquidos da garganta ao estômago. Em 2022, o Instituto Nacional de Câncer verificou um total de 10.990 novos casos de câncer, com a maioria ocorrendo em homens (8.200) em comparação com mulheres (2.790).
Em 2020, houve 8.307 mortes relacionadas ao câncer de esôfago, com uma predominância de casos fatais em homens (6.465) em relação a mulheres (1.840), de acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM.
Evitar o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e o tratamento de refluxo gastroesofágico crônico são medidas importantes de prevenção. Os sintomas frequentemente se manifestam como:
- Dificuldade ao engolir.
- Dor ao deglutir.
- Perda de peso.
- Dor torácica.
A conscientização sobre esses sintomas é essencial para um diagnóstico precoce e tratamento eficaz.
Câncer de Pâncreas: um desafio de diagnóstico
O câncer de pâncreas é conhecido por sua agressividade e tende a ser diagnosticado em estágios avançados, tornando o tratamento mais difícil.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2022 foram diagnosticados 10.980 novos casos de câncer de pâncreas, sendo 5.290 em homens e 5.690 em mulheres.
A taxa de mortalidade também é bastante alta. Em 2020 foram registradas 11.893 mortes por câncer de pâncreas no país. Os sintomas podem ser sutis, mas incluem:
- Fraqueza.
- Perda de peso.
- Falta de apetite.
- Dor abdominal.
- Urina escura.
- Olhos e pele de cor amarela.
- Náuseas.
- Dores nas costas.
Fatores de risco, como o tabagismo e histórico familiar, merecem atenção especial.
Câncer de Fígado: associado à Hepatite e consumo de álcool
O carcinoma hepatocelular é o tipo mais comum de câncer de fígado. A condição é frequentemente associada à cirrose hepática, que pode resultar do consumo excessivo de álcool e infecção por hepatite B ou C.
Segundo as estatísticas globais da OMS, este câncer é responsável por 8,2% de todos os casos de câncer no mundo. A detecção precoce é essencial, mas muitas vezes os sintomas não aparecem até que a doença esteja avançada. A vacinação contra a hepatite B e a moderação no consumo de álcool são medidas preventivas importantes.
Os sintomas incluem:
- Dor abdominal
- Massa abdominal
- Distensão abdominal
- Perda de peso inexplicada
- Perda de apetite
- Mal-estar
- Icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos)
- Ascite (acúmulo de líquido no abdômen).
É importante conhecer os fatores de risco para a prevenção e diagnóstico precoce desta doença complexa.
Câncer de Baço
O câncer de baço, também conhecido como linfoma esplênico ou leiomiossarcoma, é uma doença rara.
Geralmente, o câncer de baço é diagnosticado em estágios avançados, pois os sintomas podem não ser evidentes nas fases iniciais. Esses sintomas podem incluir dor abdominal, fadiga, perda de peso inexplicável e aumento do tamanho do baço.
O tratamento pode envolver cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma combinação dessas opções, dependendo do tipo e estágio do câncer.
Câncer de Vesícula Biliar: menos comum, mas significativo
O câncer de vesícula biliar é raro, frequentemente diagnosticado em estágios avançados e mais comum em mulheres.
O câncer de vesícula biliar é relativamente raro e, na maioria das vezes, é diagnosticado em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e afeta negativamente as taxas de sobrevivência. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) não dispõe de dados sobre este tipo de câncer.
Os sintomas podem incluir:
- Dor abdominal na parte superior direita.
- Perda de apetite e perda de peso inexplicadas.
- Icterícia, caracterizada por pele e olhos amarelados.
- Coceira na pele.
- Fadiga e fraqueza.
- Náuseas e vômitos.
- Febre.
- Ascite, acúmulo anormal de líquido no abdômen.
A conscientização sobre esses sintomas é fundamental para uma intervenção eficaz.
Câncer de Intestino Delgado: associado a doenças inflamatórias
O câncer de intestino delgado é uma forma rara de câncer que se desenvolve no intestino delgado, uma parte do sistema digestório localizada entre o estômago e o intestino grosso. Embora seja menos comum do que o câncer de cólon ou reto, ele ainda pode ser grave.
Condições como doença celíaca, doença de Crohn e colite ulcerativa podem aumentar a probabilidade de desenvolver câncer de intestino delgado. Por sua raridade, não há dados oficiais sobre a incidência do câncer de intestino delgado no Brasil. Nos EUA, esse tipo de tumor representa menos de 5% de todos os tumores do trato digestivo e cerca de 0,6% de todos os tumores malignos.
A detecção precoce é fundamental para aumentar as chances de cura. É importante estar atento aos sintomas e realizar exames de triagem, especialmente se houver fatores de risco.
Sintomas a serem observados incluem:
- Dor abdominal: pode ser uma dor persistente ou cólicas abdominais.
- Sangramento retal: pode ocorrer sangramento do reto ou fezes com sangue.
- Mudanças nos hábitos intestinais: como diarreia persistente ou constipação.
- Perda de peso inexplicada: perda de peso significativa sem uma causa aparente.
- Fraqueza e fadiga: sensação de cansaço constante e falta de energia.
- Anemia: níveis baixos de glóbulos vermelhos no sangue, resultando em fadiga e fraqueza.
Câncer de ânus e Canal Anal: ligação com o HPV
O câncer de ânus e canal anal é uma doença maligna que se origina nos tecidos do ânus ou do canal anal. Essa forma de câncer é relativamente rara, mas pode afetar homens e mulheres de todas as idades. Muitas vezes está relacionado à infecção em pessoas com papilomavírus humano (HPV).
O diagnóstico precoce e a prevenção de infecções por HPV por meio de vacinas são medidas importantes para evitar esse tipo de câncer. Os tumores malignos surgem em tipos diferentes de tecidos, sendo o carcinoma epidermóide responsável por 85% dos casos.
Sintomas incluem:
- Sangramento anal: pode ocorrer sangramento durante a evacuação ou em momentos distintos, podendo variar de leve a intenso.
- Dor anal: dor persistente na região anal ou no reto.
- Coceira: sensação de coceira ou irritação ao redor do ânus.
- Secreção: secreção de muco ou pus do ânus.
- Alterações nos hábitos intestinais: mudanças nos movimentos intestinais, como diarreia ou prisão de ventre.
- Sensação de massa ou nódulo: pode-se sentir um caroço ou inchaço no ânus ou região anal.
- Dor ao sentar: desconforto ao sentar-se devido à pressão exercida na área afetada.
A conscientização sobre o HPV e seus riscos é fundamental para a prevenção.
Conclusão: prevenção é a melhor abordagem
A oncologia digestiva abrange uma ampla gama de cânceres que afetam diferentes órgãos do sistema digestivo. Compreender os cânceres mais comuns nessa especialidade é fundamental para a conscientização, a prevenção e o diagnóstico precoce.
A detecção precoce por meio de exames de rastreamento, a manutenção de um estilo de vida saudável e a prevenção de fatores de risco são fundamentais para reduzir o risco desses cânceres. Com base em estatísticas globais, fica claro que esses cânceres têm um impacto significativo na saúde mundial.
É importante estar ciente dos fatores de risco e dos sinais de alerta, bem como buscar aconselhamento médico adequado para exames de triagem e avaliações regulares. O diagnóstico precoce desses cânceres pode levar a melhores resultados de tratamento e aumento das chances de recuperação.
Também é essencial a adoção de hábitos saudáveis, como uma dieta equilibrada, a prática regular de exercícios físicos e a realização de exames de rotina, pode reduzir o risco de desenvolvimento dessas doenças.
Fique atento aos sintomas, consulte um médico regularmente e tome medidas proativas para cuidar da sua saúde digestiva. A prevenção é a melhor abordagem quando se trata de cânceres digestivos.
Consultar um especialista em oncologia digestiva e seguir suas recomendações pode oferecer a melhor chance de tratamento e recuperação bem-sucedidos. O Dr. Guilherme H. Abrahão é especialista em oncologia digestiva, com clínicas em São José dos Campos e Taubaté, referência em todo Vale do Paraíba.
Dr. Guilherme Humeres Abrahão
Diretor Técnico
CRM 147629

